sexta-feira, 29 de abril de 2016

RESIDENCIA ORTIZIO BORGES - PROJETO THEROOM


Reforma transforma imóvel comercial em residência.


A fachada comercial deu lugar a uma residência com linhas retas e arquitetura contemporânea.
  


O imóvel que hoje abriga esta residência de linhas retas e arquitetura contemporânea antes era ocupado por uma fábrica do setor de vestuário. 

O edifício era caracterizado por uma arquitetura comercial comum na cidade, sem valorização formal e estética. Mas com a colaboração entre profissionais e clientes o layout da nova residência foi concebido respeitando os princípios de conforto ambiental e aproveitando a estrutura pré-existente no antigo edifício.



O fechamento metálico foi idealizado para dar segurança e privacidade a nova residência.



Para iluminar e ventilar o espaço, foram feitos rasgos na laje existente e finalizados com dormentes em madeira cumaru.







O buraco do elevador de cargas deu lugar a escada em estrutura metálica com degraus em madeira cumaru desenhada sob medida.











Lavabo com iluminação e ventilação superiores.

































terça-feira, 26 de abril de 2016


CASA TÉRREA OU SOBRADO?
(parte 1)


Uma das primeiras decisões na hora de construir uma residência  envolve a escolha por uma casa térrea ou um sobrado. Apesar de muitos terem isso definido, outros se debruçam na dúvida. 
E como decidir?

A escolha pode esbarrar em muitos fatores como preferências pessoais, tamanho do terreno, topografia, se existe o desejo por uma casa sem barreiras de locomoção, orçamento disponível, etc. Mas tanto uma casa térrea como um sobrado apresentam vantagens e desvantagens as quais deverão ser avaliadas em conjunto com a realidade de cada situação.

Na experiência do escritório THEROOM ARQUITETURA E DESIGN, uma das primeiras preocupações que observamos em nossos clientes é o custo da obra. Sempre explicamos à eles que esse custo é relativo e nem sempre uma residência térrea possuirá um valor final menor e vice-versa.

Em um comparativo entre uma residência térrea e um sobrado que possuam a mesma metragem quadrada, de um modo geral, a casa térrea contará com mais fundação, pois toda a edificação estará em contato direto com o terreno e, também, contará com maior área de telhado. Contudo, ao mesmo tempo que o sobrado terá menos fundação e menos telhado, a fundação deverá ser mais profunda e suportar uma carga maior resultando em um custo, também, maior.

A escada também é um elemento que representa custo em um sobrado além de ocupar um espaço o qual poderia ser ocupado por outro ambiente. E devemos nos lembrar da possibilidade de presença de crianças pequenas na residência. Neste caso, soluções para impedir o acesso delas às escadas quando não estiverem sendo assistidas, devem ser previstas.  Por outro lado, a escada pode ser vista como algo muito especial, um elemento escultural que em muitas situações funcionará, inclusive, como divisor de ambientes integrados. Muitos dos nossos clientes sonham com uma escada quando descrevem a residência que gostariam. Olhando por essa perspectiva, a presença da escada se transformará num investimento caso a residência seja colocada no mercado imobiliário para venda.

Agora tratando de conforto ambiental, costuma-se dizer que sobrados tem uma tendência a serem mais ventilados e iluminados por serem mais altos permitindo também visões mais amplas. Mas um bom projeto de arquitetura criará, igualmente, uma ventilação e iluminação adequados numa residência térrea. Já quanto as visões mais amplas, nem sempre isso é verdade, pois você provavelmente contará com vizinhos próximos nas divisas laterais e ao fundo da residência, ou seja, a visão ampla talvez acabará se transformando num problema, por exemplo, se você ou seu vizinho tiverem vista direta para dentro da suíte um do outro. Vale lembrar que um bom profissional conseguirá trabalhar esse aspecto no momento da realização do projeto.

O tamanho do terreno é outro tópico importante já que ele pode ser um obstáculo para quem pensa numa residência térrea, ou seja, talvez será necessário um gasto extra com um lote maior para se ter um casa térrea. Em situações as quais o terreno é pequeno ou muito estreito, um sobrado possivelmente será mais viável, pois ele ocupará menos área permitindo, assim, ganhar mais espaço livre para quintal ou área de lazer.

A topografia, ou seja, os desníveis existentes no terreno, também pode ser um problema e dos grandes para quem almeja uma residência plana ou até para aqueles que desejam um sobrado, mas com o primeiro pavimento sem diferenças de níveis. Neste caso, mesmo que você esteja disposto a cobrir os gastos que um nivelamento exigirá, é necessário verificar se a restrição urbanística do seu lote permite tal procedimento.  Essa é uma experiência vivida por alguns clientes nossos que realizaram a compra de terrenos em condomínios fechados. Sem terem conhecimento das regras para aterros e desaterros contidas na restrição urbanística do condomínio, muitos adquirem terrenos com grandes desníveis topográficos na intenção de construir uma casa plana e levam um susto quando descobrem que a legislação impõem limites nesse tópico não sendo possível, em alguns casos, alcançar o nivelamento necessário para se conseguir uma residência sem degraus. Alguns condomínios limitam a altura dos aterros e desaterros afim de garantir que  a altura final das edificações não fique muito desproporcional em relação a casa vizinha. Portanto, atenção nesse item na hora de comprar o terreno.

Outro aspectos importante que temos observado em nosso escritório é um aumento na procura por casas sem barreiras de locomoção. Sendo assim, o sobrado que exigirá uma escada, poderá ser um complicador para idosos e pessoas com dificuldades de se locomover ou que estejam planejando um residência para a vida toda. Apesar da possibilidade de instalação de um elevador no momento da construção, essa é uma solução que exigirá um certo investimento, mesmo para modelos domésticos mais em conta bastante comuns no mercado hoje em dia.

Mas sempre existem opções que irão se adequar à sua realidade. Por exemplo, caso você não abra mão de uma residência com dois pavimentos e não queira instalar um elevador de imediato, peça ao seu arquiteto(a) para deixar o local do elevador já planejado, assim você poderá instalá-lo num outro momento.

Outra alternativa, para quem não quer um elevador, é deixar uma suíte na parte térrea da casa para uma eventual necessidade. Essa solução costuma ser bastante interessante e funcional, pois essa suíte poderá ser usada temporariamente  como escritório e o banho funcionar também como lavabo. Tal solução, inclusive, se transformará em um atrativo caso a residência seja colocada à venda.

Como podem ver, tanto a casa térrea quanto o sobrado possuem vantagens e desvantagens. Não é nossa intenção deixá-los ainda mais confusos diante de tantas informações contrastantes, muito pelo contrário. A mensagem a qual queremos deixar aqui é que a decisão por uma residência térrea ou um sobrado não deve se basear apenas nos custos comparativos gerais entre um e outro. Como dissemos antes, são muitos os fatores que devem ser avaliados e esses fatores serão diferentes para cada futuro proprietário.

Desta forma, a ajuda de um bom profissional que levará em consideração todos esses  fatores da sua realidade será imprescindível para acessar as vantagens e desvantagens de se optar por uma casa térrea ou um sobrado.

Em breve publicaremos mais dicas e exemplos sobre esse assunto. Não percam!






terça-feira, 19 de abril de 2016

EU NÃO SOU A DECORADORA...

No último dia 12 de Abril o New York Times publicou uma reportagem com arquitetas falando a respeito das diferenças de gênero e raça na prática profissional e como elas se sentem no exercício da profissão. 

E você: como se sente na prática da arquitetura?


"I Am Not the Decorator:Female Architects Speak Out"
Yen Ha, a principal at Front Studio Architects.
CreditBenjamin Norman for The New York Times



Um estudo sobre a diversidade na profissão, lançado este ano pelo Instituto Americano de Arquitetos, AIA, descobriu que "as mulheres nos Estados Unidos acreditam fortemente que não há igualdade de gênero na indústria"; que as mulheres e as minorias dizem que são menos susceptíveis de serem promovidas a cargos mais altos; e que gênero e raça são obstáculos para a igualdade de remuneração para os cargos comparáveis.

Zaha Hadid costumava dizer que "para uma mulher sair sozinha na arquitetura ainda é muito, muito difícil, pois ainda é um mundo de homens. Mesmo que Zaha não quisesse servir como um símbolo de progresso para as mulheres em sua profissão, ela inevitavelmente o fez.

Yen Ha, arquiteta de New York diz enfrentar obstáculos todos os dias, pois o campo da arquitetura é branco e dominado pelos homens, e ver uma mulher no local de trabalho ou em uma grande reunião com os desenvolvedores não é tão comum. Ela diz ter que lembrar alguém todos os dias que ela é de fato a arquiteta. Cada novo local de trabalho significa que um empreiteiro irá supor que ela é a assistente, decoradora ou estagiária. Geralmente é apenas na terceira reunião que a equipe do projeto apresentará as respostas para os problemas de arquitetura.

HJ Kim diz que os empreiteiros que têm menos oportunidades de trabalhar com arquitetas e mulheres designers, parecem pensar que a classe nem sequer sabe como trocar uma lâmpada e que o único papel é decorar interiores. "Muitos chegam a ficar surpresos quando dou soluções para problemas na obra".

Amanda McNally de North Palm Beach, na Flórida, diz que há sempre aquele momento quando ela chega em uma nova construção e para alguns ela parece ser uma intrusa chegando ao clube dos homens. Mas isso logo passa após ela tratá-los com respeito, afinal eles irão executar o projeto e ela sempre pode aprender algo com eles. Ao mesmo tempo, ela pensa que o fato de ser mulher tem algumas vantagens, certos clientes sentem-se mais confortáveis trabalhando com uma mulher durante o processo de design.
Confira a reportagem da entrevista do New York Times AQUI


Já no Brasil, como será que as arquitetas se sentem na prática da profissão? Será que vivenciam o mesmo cenário descrito pelas profissionais dos Estados Unidos?

De acordo com um artigo publicado pela revista AU, o cenário vivenciado pelas arquitetas Brasileiras no que concerne as diferenças de gênero se assemelha ao descrito nos Estados Unidos, pelo menos para algumas das entrevistadas.

A arquiteta Monica Drucker, sócia do escritório Drucker Arquitetura, diz ter tido dificuldade no começo em firmar sua credibilidade e ter problemas na hora do pagamento: Monica Drucker conta que diversas vezes não recebeu o valor acertado, e que tinha dificuldades de fazer a cobrança. "Os clientes negociam mais seriamente com um rapaz porque ainda existe machismo, por incrível que pareça”.

A arquiteta Solange Martinhão acompanha de perto seus projetos, diz que não era fácil lidar com empreiteiros, pedreiros e mestres de obras. "Havia preconceito no começo", diz. Com o tempo, adquiriu segurança e, sempre que necessário, não se intimida ao exigir: "vai desmanchar e fazer de novo".

Já a arquiteta Valeska Peres Pinto a primeira mulher a presidir a Federação Nacional dos Arquitetos e Urbanistas (FNA), em 1989, afirma “nunca ter tido problemas com os colegas e pensa que essa nova realidade no ambiente profissional tem se desenvolvido de forma natural”.

E quando perguntadas pela escolha da área de atuação e se a mulher tende a optar por atividades mais leves, Valeska reconhece "que o ambiente de trabalho no canteiro de obras é duro e que muitas arquitetas preferem ficar distantes, mas acha isso uma bobagem".

Débora Follador, arquiteta e urbanista da Ambiens Sociedade Cooperativa, formada pela PUC-PR em 2008, acredita, porém, que não existe relação entre o gênero e a atividade, e que a escolha da área de atuação é de caráter muito pessoal: "Tenho muitas amigas que estão trabalhando em edificações", explica.
Confira a reportagem da revista AU AQUI


Essa divergência de opiniões sobre a prática da arquitetura no que concerne as diferenças de gênero, pode acontecer pelo fato das arquitetas Brasileiras estarem em maior número quando comparado com os Estados Unidos e até Inglaterra. De acordo com uma reportagem exibida pelo Conselho de Arquitetura, CAU, as mulheres representam 61% do total de profissionais em atividade no país, contra 39% de homens. Segundo eles, essa é uma tendência que vem crescendo ao longo das últimas décadas. Nos Estados Unidos, apenas 18% dos arquitetos registrados são mulheres. Na Inglaterra, a proporção é semelhante: 20%. 
Confira a reportagem AQUI


Talvez o fato da arquitetura brasileira contar com um grande número de mulheres na profissão atualmente, nos torne mais confiantes e menos intimidadas pelo mundo masculino. Ou também, os homens que estão acostumados a nos ver com mais frequência nos canteiros de obra não nos vejam como seres estranhos e nem achem que somos a decoradora com tanta constância.

Mas já que estamos aqui coletando relatos não podemos deixar de dar o nosso. Não diríamos que nossa experiência profissional tenha vivenciado tantas situações desconfortáveis pelo fato de sermos mulheres. Às vezes, de forma sutil, observamos uma desconfiança no primeiro contato com alguns empreiteiros e pedreiros, mas esse sentimento logo se desfaz. Também, não encontramos problemas na hora de receber de nossos clientes e não achamos que eles tratem esse assunto com menos seriedade porque somos mulheres.

De qualquer forma, ainda que possamos observar diferentes posicionamentos quanto as diferenças de gênero na prática da arquitetura, existe um quesito no qual todas as arquitetas concordam: o fato de que a produção arquitetônica feminina no mundo não tem seu devido reconhecimento, sendo pequena a lista de arquitetas ilustres quando comparada à de homens.

Foi esse cenário que incentivou um grupo de jovens arquitetas em Brasília a criar o projeto ARQUITETAS INVISIVEIS. Não poderíamos deixar de mencionar o trabalho dessas profissionais que possuem uma bonita trajetória e produzem a revista Arquitetas Invisíveis com o objetivo de valorizar e dar visibilidade a produção arquitetônica feminina assim como promover a igualdade de gênero dentro do âmbito da arquitetura e urbanismo.

Mas e você, cara arquiteta, como se sente no seu ambiente de trabalho?